*Pepe Chaves*
Cadim é uma beiradinha de Minas, um cadinho, em que se calcinam minério e minas gerais.
Minas são tantas, pelo menos duas,
adjacentes, numa distância justaposta e infinita, mas é bem ali pertim.
Mineiridade só espia,
mineirice espiona. Mineiridade é culto à
simplicidade, mineirice cultiva mediocridade. Mineiridade conjura, a outra
conspira. Mineiridade é prudência, mineirice omissão, reserva mental;
mineiridade é silêncio eloquente.
Uma é cuidado com as palavras
e as suscetibilidades, a outra é fofoca, pé do ouvido. A mineiridade proseia,
mineirice entra num ouvido e sai noutro. Mineiro não joga conversa fora,
mineirice ridica ideias.
Minas ora et labora, mineirice só faz hora na missa. Mineiro finge que não
sabe, mineirice só desconfia.
Com a alma, o mineiro
pontifica a política do consenso; na mineirice, não desce do muro. Numa conserva, direitos, noutra é pura inércia social.
Mineiro cavuca palavras,
minera sentimentos, escava desejos. Mineirice socava e solapa. Mineiridade não
exibe, o outro enterra. Um guarda segredo, outro queima arquivo.
Mineiridade é introvertida,
mineirice é enrustida. Mineiridade custa muito a empenhar palavra, é a última a
assumir compromisso; mineirice só é solidária no câncer, na hora morte, amém.
Vem da alma a mineiridade,
serena e espiritual; mineirice é só espírito de porco. Mineiro é oculto,
mineirice é o culto secreto. Enfim, Minas é montanha, mineirice amontoa.
Um comentário:
Oi, Pepe. Muito legal.
Um abraço.
Francisca
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