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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

MINEIRIDADE não é MINEIRICE

*Pepe Chaves*

Cadim é uma beiradinha de Minas, um cadinho, em que se calcinam minério e minas gerais.   Minas são tantas, pelo menos duas, adjacentes, numa distância justaposta e infinita, mas é bem ali pertim.  

Mineiridade só espia, mineirice espiona.  Mineiridade é culto à simplicidade, mineirice cultiva mediocridade. Mineiridade conjura, a outra conspira. Mineiridade é prudência, mineirice omissão, reserva mental; mineiridade é silêncio eloquente.

Uma é cuidado com as palavras e as suscetibilidades, a outra é fofoca, pé do ouvido. A mineiridade proseia, mineirice entra num ouvido e sai noutro. Mineiro não joga conversa fora, mineirice ridica ideias. 

Minas ora et labora, mineirice só faz hora na missa. Mineiro finge que não sabe, mineirice só desconfia.

Com a alma, o mineiro pontifica a política do consenso; na mineirice, não desce do muro. Numa conserva, direitos, noutra é pura inércia social.

Mineiro cavuca palavras, minera sentimentos, escava desejos. Mineirice socava e solapa. Mineiridade não exibe, o outro enterra. Um guarda segredo, outro queima arquivo.

Mineiridade é introvertida, mineirice é enrustida. Mineiridade custa muito a empenhar palavra, é a última a assumir compromisso; mineirice só é solidária no câncer, na hora morte, amém.

Vem da alma a mineiridade, serena e espiritual; mineirice é só espírito de porco. Mineiro é oculto, mineirice é o culto secreto. Enfim, Minas é montanha, mineirice amontoa.


Um comentário:

Maria Francisca disse...

Oi, Pepe. Muito legal.
Um abraço.
Francisca